São Paulo - Depois de um período de afastamento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, combinaram que o ex passará a ter papel ativo na articulação política do governo. A ideia é que Lula, com aval de Dilma, viaje com mais frequência a Brasília, a exemplo do que fez na semana passada, para conversas com líderes partidários e do Congresso, inclusive do próprio PT, com quem a presidente tem dificuldade de diálogo.
O papel de Lula no apoio ao governo não foi definido e vai depender das demandas apresentadas por Dilma e seus ministros. Segundo um colaborador próximo do ex-presidente, “ele quer ajudar” e deve atuar de forma “paralela” à dos ministros responsáveis pela articulação política (Ricardo Berzoini e Giles Azevedo).
“Ele vai reforçar o governo com sua capacidade de diálogo”, disse um aliado do ex-presidente.
A presença mais constante de Lula é uma das apostas do governo para tentar reverter a crise política e as ameaças de impeachment de Dilma. Segundo um auxiliar de Lula, a presença mais constante do ex-presidente também é objeto de demandas das bancadas do PT na Câmara e no Senado, que se queixam da falta de acesso à presidente e do excesso de poder do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
A periodicidade das idas de Lula à Brasília vai depender da necessidade, do interesse de Dilma e também da agenda do ex-presidente. De acordo com auxiliares, Lula tem dezenas de pedidos de viagens por todo o Brasil. Estas viagens também devem ser usadas como plataformas para a defesa do governo, do PT e de seu próprio legado.
No dia 29 de agosto, durante evento em São Bernardo do Campo, Lula disse que vai “voltar a voar” devido aos ataques que vem sofrendo em função, principalmente, do esquema de desvios de dinheiro da Petrobrás investigado pela Operação Lava Jato. Há 10 dias o ex-presidente foi alvo de um pedido feito ao Supremo Tribunal Federal por um dos delegados da PF que cuidam da operação. O delegado quer que Lula esclareça suspeitas levantadas por alguns delatores de que teria conhecimento do esquema. O ex-presidente nega enfaticamente as suspeitas.
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