sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PRESOS DO ARISTON CARDOSO ESTÃO SENDO DEVORADOS POR BARATAS

por Mário de Queiróz
Caindo aos pedaços, com boa parte de sua estrutura física comprometida, uma superpopulação carcerária de 236 presos (sua capacidade é para 180), o presídio Ariston Cardoso em Ilhéus, dirigida há 3 anos pelo Capitão PM Brito Junior, literalmente está pedindo socorro. Primeiro foi um surto de gripe que recentemente assolou o Ariston Cardoso contaminando a maioria dos detentos. Agora é a vez das baratas. Elas invadiram as infectas celas, e à noite centenas delas atacam os presos que estão dormindo. A maioria dos detentos passa a noite em claro, para se livrarem dos ataques dos repugnantes insetos. Muitos presos estão com o nariz, bocas e ouvidos roídos pelas baratas. “Quando anoitece, elas se espalham pelas celas, parece até filme de terror”, contou um preso.
O subdiretor do presídio, Kadalaomer José dos Santos, disse ao Agora que desconhece esse ataque de baratas, e quanto ao surto de gripe os presos foram medicados. Porém, constatamos que ainda hoje existe preso gripado e sem medicação.
O diretor explicou que a Zoonose é responsável pela dedetização do estabelecimento penal. “A última vez que o órgão esteve aqui no presídio foi em outubro do ano passado. Na área da saúde, trabalham aqui 4 médicos, 1 dentista, 3 psicólogos e também 4 assistentes sociais”, disse ele. O diretor Kadalaomer mostrou um bem equipado posto de saúde, abastecido com remédios analgésicos, sedativos, gastrointestinais, calmantes e medicamento contra asma, tuberculose e pequenos curativos.
Contrariando o diretor Kadalaomer, um detento preso há mais de 2 anos, disse que todos sabem da existência dos medicamentos, mas eles não são distribuídos. (Um detento que teve o rosto e o nariz roído por barata, teve que desinfectar o ferimento com creolina). “Os médicos raramente aparecem nos plantões e o dentista só faz extrações. Recentemente um preso atendido pelo S.A.M.U., em estado delicado, só continuou o tratamento com buscopam (um remédio de baixo custo) porque sua família conseguiu medicamento”. “As assistentes sociais só aparecem para pegar os contracheques. Estou aqui há muito tempo e só uma vez vi uma delas”, disse outro detento que não quis se identificar.
Os presos também reclamam da comida que segundo eles, é da pior qualidade e muitas vezes é servida estragada. Está faltando nutricionista, e não são raros os casos de intoxicação alimentar. Eles também reivindicam melhor atendimento médico-hospitalar e psicológico, cursos profissionalizantes, e mais audiências públicas (muitos presos do Ariston Cardoso já deveriam estar na rua). Várias celas estão sem colchões e se o detento não tiver 40 reais para pagar por um, tem que dormir no chão.

INTERDIÇÃO

Antes do Natal, o mutirão organizado por uma faculdade de Ilhéus, levou estudantes de Direito ao presídio com a finalidade de resolver pendências e liberar alguns presos. Até hoje ninguém foi solto e os presos apelidaram a operação, de mentirão.
No início desse ano, a Drª. Elizeth, da Defensoria Pública de Ilhéus, pediu a interdição do Ariston Cardoso. Dessa vez, o pedido de interdição partiu da juíza federal, Maria Fernanda, que esteve recentemente no Ariston Cardoso, onde prometeu atrair recursos do DEPEM – um órgão do Ministério da Justiça – para construção de um novo presídio, que será construído no Couto em terreno já doado pelo prefeito Newton Lima. Por outro lado, a direção do estabelecimento penal de Ilhéus, cobrou do Governo Federal a contratação de mais agentes penitenciários e viaturas para o transporte dos presos em dias de audiências públicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do JORNAL ILHÉUS NEWS. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.