por Mário de Queiróz
Caindo aos pedaços, com boa parte de sua estrutura física comprometida, uma superpopulação carcerária de 236 presos (sua capacidade é para 180), o presídio Ariston Cardoso em Ilhéus, dirigida há 3 anos pelo Capitão PM Brito Junior, literalmente está pedindo socorro. Primeiro foi um surto de gripe que recentemente assolou o Ariston Cardoso contaminando a maioria dos detentos. Agora é a vez das baratas. Elas invadiram as infectas celas, e à noite centenas delas atacam os presos que estão dormindo. A maioria dos detentos passa a noite em claro, para se livrarem dos ataques dos repugnantes insetos. Muitos presos estão com o nariz, bocas e ouvidos roídos pelas baratas. “Quando anoitece, elas se espalham pelas celas, parece até filme de terror”, contou um preso.
O subdiretor do presídio, Kadalaomer José dos Santos, disse ao Agora que desconhece esse ataque de baratas, e quanto ao surto de gripe os presos foram medicados. Porém, constatamos que ainda hoje existe preso gripado e sem medicação.
O diretor explicou que a Zoonose é responsável pela dedetização do estabelecimento penal. “A última vez que o órgão esteve aqui no presídio foi em outubro do ano passado. Na área da saúde, trabalham aqui 4 médicos, 1 dentista, 3 psicólogos e também 4 assistentes sociais”, disse ele. O diretor Kadalaomer mostrou um bem equipado posto de saúde, abastecido com remédios analgésicos, sedativos, gastrointestinais, calmantes e medicamento contra asma, tuberculose e pequenos curativos.
Contrariando o diretor Kadalaomer, um detento preso há mais de 2 anos, disse que todos sabem da existência dos medicamentos, mas eles não são distribuídos. (Um detento que teve o rosto e o nariz roído por barata, teve que desinfectar o ferimento com creolina). “Os médicos raramente aparecem nos plantões e o dentista só faz extrações. Recentemente um preso atendido pelo S.A.M.U., em estado delicado, só continuou o tratamento com buscopam (um remédio de baixo custo) porque sua família conseguiu medicamento”. “As assistentes sociais só aparecem para pegar os contracheques. Estou aqui há muito tempo e só uma vez vi uma delas”, disse outro detento que não quis se identificar.
Os presos também reclamam da comida que segundo eles, é da pior qualidade e muitas vezes é servida estragada. Está faltando nutricionista, e não são raros os casos de intoxicação alimentar. Eles também reivindicam melhor atendimento médico-hospitalar e psicológico, cursos profissionalizantes, e mais audiências públicas (muitos presos do Ariston Cardoso já deveriam estar na rua). Várias celas estão sem colchões e se o detento não tiver 40 reais para pagar por um, tem que dormir no chão.
INTERDIÇÃO
Antes do Natal, o mutirão organizado por uma faculdade de Ilhéus, levou estudantes de Direito ao presídio com a finalidade de resolver pendências e liberar alguns presos. Até hoje ninguém foi solto e os presos apelidaram a operação, de mentirão.
No início desse ano, a Drª. Elizeth, da Defensoria Pública de Ilhéus, pediu a interdição do Ariston Cardoso. Dessa vez, o pedido de interdição partiu da juíza federal, Maria Fernanda, que esteve recentemente no Ariston Cardoso, onde prometeu atrair recursos do DEPEM – um órgão do Ministério da Justiça – para construção de um novo presídio, que será construído no Couto em terreno já doado pelo prefeito Newton Lima. Por outro lado, a direção do estabelecimento penal de Ilhéus, cobrou do Governo Federal a contratação de mais agentes penitenciários e viaturas para o transporte dos presos em dias de audiências públicas.
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