Ao destacar que a criação de reserva alimentar é estratégia fundamental para a convivência com a seca, o secretário da Agricultura, Eduardo Salles, anunciou quinta-feira (27) que a Bahia vai elaborar um plano estadual de armazenagem de grãos. O anúncio foi feito durante reunião da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), no auditório da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), em Salvador.
O plano estadual será encaminhado ao governo federal, como contribuição da Bahia para o Plano Nacional de Armazenagem (PNA), que está em fase de desenvolvimento.
A elaboração do plano estadual será feita pelos técnicos da Seagri, em parceria com a Faeb, a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Câmara Setorial Estadual de Grãos, da qual participam também a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (Fetag), Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), associações e cooperativas.
Salles, que também é presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri), defende a construção de armazéns ‘pulmões’ nas regiões produtoras de grãos do Nordeste para compra pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e formação de estoque estratégico, no caso da Bahia, nos municípios de Luís Eduardo Magalhães e Paripiranga.
Para ele, é igualmente necessária a construção de armazéns menores, distribuídos em todas as regiões dos estados brasileiros, visando facilitar a distribuição de grãos aos agropecuaristas.
Na Bahia, faltam armazéns em Juazeiro, Vitória da Conquista, Guanambi, Conceição do Coité, Feira de Santana, Ilhéus e Itabela, que se somariam aos armazéns da Conab já existentes em Irecê, Entre Rios, Itaberaba, Ribeira do Pombal e Santa Maria da Vitória.
“A Conab tem o papel fundamental na gestão dos estoques do país, mas sem armazéns esta missão fica comprometida, como neste momento em que o milho não consegue chegar a tempo no Nordeste”, disse Salles.
Abramilho
Outras reuniões da Abramilho já foram realizadas em Porto Alegre (22 de agosto), São Paulo (28 de agosto), Belo Horizonte (5 deste mês) e Goiânia (24 deste mês). As próximas acontecem nas cidades de Curitiba, Cuiabá e Brasília.
Estas atividades, que estão sendo realizadas em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fazem parte do Programa de Desenvolvimento da Cadeia do Milho no Brasil, desenvolvido pela Abramilho. Ao final das discussões, um documento será elaborado e entregue ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.
Um dos objetivos do plano consiste na interação, com toda a cadeia produtiva, desde o produtor até o transportador, debatendo os pontos fortes e fracos com a finalidade de solicitar melhorias e obter instrumentos necessários para a implementação do Programa de Desenvolvimento da Cadeia do Milho no Brasil.
De acordo com o presidente-executivo da Abramilho, Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura (1974-1979), a ideia é estimular a produtividade e o desenvolvimento da cadeia nacional do milho.
“A Abramilho está muito otimista com as perspectivas para o milho este ano. O Brasil tem tudo para crescer na atividade, pois tem clima e solo favoráveis para produzir mais e se tornar um grande celeiro”, afirmou Paolinelli. A confiança da associação se deve à previsão da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), que destaca que o Brasil deterá 10% da produção mundial de milho e coloca o país como um dos grandes exportadores do grão.
Segundo o presidente da Faeb, João Martins, este evento é importantíssimo para definir os rumos da produção de milho no estado.
Entre os gargalos da cadeia produtiva do milho na Bahia, que tem ocupado o sétimo e o oitavo lugar no ranking da produção de milho nos últimos seis anos, apontados durante esta reunião, estão a assistência técnica, a logística e a armazenagem.