A OEA (Organização dos Estados Americanos) convocou para esta quinta-feira (16) uma reunião de urgência para abordar a situação entre o Equador e a Grã-Bretanha, depois de Quito ter concedido asilo diplomático a Julian Assange, refugiado na embaixada equatoriana em Londres.
A reunião extraordinária na sede da OEA em Washington começará às 16h30 locais (17h30 de Brasília) para "abordar a situação entre o Equador e o Reino Unido", indicou em um comunicado.
Quito concedeu nesta quinta-feira asilo diplomático ao fundador do Wikileaks por considerar que sua vida corre risco após ter divulgado centenas de milhares de documentos secretos dos Estados Unidos.
O chanceler do Reino Unido, William Hague, afirmou que o governo não permitirá a saída de Assange, da Inglaterra pois "não há base legal" para isso. Ele ainda descartou qualquer associação do processo de delitos sexuais com os vazamentos feitos pelo WikiLeaks ou com o desejo dos Estados Unidos de julgá-lo.
Já o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, atual advogado de defesa de Assange, assegurou que irá à Corte Internacional de Justiça se a Grã-Bretanha não deixar seu cliente sair do país. "O que o Reino Unido tem que fazer é aplicar as obrigações diplomáticas da Convenção do Refugiado e deixá-lo sair", declarou ao jornal "El País".
O australiano está refugiado desde o dia 19 de junho, em tentativa de evitar sua extradição à Suécia, onde é acusado de delitos sexuais. O Wikileaks é um portal de vazamento de documentos oficiais.
"Apesar de a decisão de hoje representar uma vitória histórica, nossos problemas acabam de começar. A investigação sem precedentes dos Estados Unidos contra o Wikileaks deve parar", disse ele, que será detido se abandonar a embaixada, pois violou as condições de prisão domiciliar no Reino Unido.
Assange ainda agradeceu "ao povo equatoriano, seu presidente Rafael Correa e seu governo" e lembrou de Bradley Manning, militar americano acusado de ser fonte do Wikileaks, detido a mais de 800 dias sem ter sido julgado.
Amigo do Equador
Patiño justificou a decisão de seu país de acordo com o direito internacional, por considerar que a vida de Assange corre perigo se ele for entregue aos EUA.
"Caso aconteça uma extradição para os Estados Unidos, o senhor Assange não terá um julgamento justo, poderá ser julgado por tribunais especiais ou militares e não é inverossímil que receba um tratamento cruel e degradante, e que seja condenado à prisão perpétua ou à pena capital, sem que seus seus direitos humanos fossem respeitados", disse.
Ele também anunciou a possibilidade de uma reunião de ministros dos países da Alba e da Unasul para debater a "ameaça" do Reino Unido.
O presidente do Equador, Rafael Correa, considera Assange um homem "perseguido, caluniado, linchado mediatamente" após ter colocado os Estados Unidos "em xeque".
O receio de Assange é de que uma eventual deportação para a Suécia abra portas para uma nova deportação, desta vez para os EUA, onde responderia por acusações de espionagem, referentes às revelações de centenas de milhares de telegramas diplomáticos e documentos de Washington sobre as guerras do Iraque e Afeganistão.
Reforço policial
A polícia londrina reforçou a presença ao redor da embaixada do Equador, no bairro de Kensington, mas a rua não foi interditada.
Alguns manifestantes pró-Assange passaram a noite diante do local, após alerta do governo equatoriano de que a embaixada estava sob ameaça de invasão.
O WikiLeaks, condenou a ameaça britânica de invadir a embaixada equatoriana e chamou a eventual ação de "hostil e extrema".
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