Canetas de raio laser parecem ser um brinquedo inofensivo, mas preocupam pilotos de aviões e de helicópteros em todo o país. Somente de janeiro deste ano até a sexta-feira (19) foram registradas 399 ocorrências de apontamento de raio laser contra aviões no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), uma média de 2,3 por dia.
O espaço aéreo compreendido pelo aeroporto de Vitória (ES) foi o recordista, com 63 registros somente neste ano. O aeroporto de Guarulhos (SP) ocupa o segundo lugar, com 30 casos. Em comparação, 2014 teve no total 1.283 ocorrências, uma média de 3,5 por dia.
As canetas de raio laser podem ser compradas sem restrições, em estabelecimentos comuns. Sua luz, se apontada diretamente para os olhos de pilotos, é um perigo para a segurança de voo, já que se espalha por toda a cabine e pode confundir a leitura de equipamentos e os indicadores luminosos no painel do avião e até mesmo atrapalhar um procedimento de voo em condições visuais.
"O laser pode causar a simples distração, o ofuscamento da visão, uma cegueira temporária e até mesmo provocar uma hemorragia na retina", explica o piloto de aeronaves Mateus Ghisleni.
Segundo o Sindicato dos Aeronautas, o problema não é exclusivo do Brasil. Diversos países fazem campanhas para reduzir esse tipo de ocorrência. Nos Estados Unidos, por exemplo, o FBI (Polícia Federal americana) oferece em seu site recompensa para quem fornecer informações que levem à captura de pessoas que apontam raios laser para as aeronaves --a pena norte-americana é de 20 anos de prisão e multa de até US$ 250 mil.
Em 2013, o piloto de uma aeronave da Asiana que fez um pouso de emergência no aeroporto de San Francisco (EUA) relatou ter sua visão dentro da cabine prejudicada por flashes e reacendeu a discussão sobre o tema. Na ocasião, duas pessoas morreram e 182 ficaram feridas.
No Brasil, o uso de raio laser contra aeronaves também é crime, com pena que pode chegar a 12 anos de prisão.
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