segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

'Packs': grupos vendem pacotes de fotos e vídeos pornográficos em redes sociais, inclusive de menores de idade

 Durante sete meses, os repórteres do Fantástico mergulharam nesse submundo, entraram em grupos e desvendaram esse esquema.


A reportagem especial deste domingo (9) traz um alerta para as famílias. O assunto é a disseminação de pornografia infantil na internet. Uma investigação do Fantástico mostra que jovens e menores de idade estão produzindo e vendendo material pornográfico nas redes sociais. São os chamados "packs", pacotes com fotos.


Durante sete meses, os repórteres Carlos Henrique Dias e Giuliana Girardi mergulharam nesse submundo, entraram em grupos e desvendaram esse esquema.


Quando digitou a palavra "pack" na rede, o produtor do Fantástico descobriu que submundo é esse, que envolve pais completamente alheios ao que anda acontecendo no quarto ao lado; adolescentes achando que tiraram a sorte grande, mas tomaram calote; e jovens sendo presos depois de cometerem crimes.


Nosso produtor deu de cara com tudo isso quando decidiu mergulhar nesse universo nas redes sociais: Twitter, WhatsApp e Telegram. Trocou mensagens e logo foi convidado a participar de grupos privados gigantescos - um deles com 200 mil participantes. Assim, descobriu várias siglas usadas, entre elas "CP", que significa pornografia infantil. O valor para entrar no grupo e ter acesso? R$ 50.


Após as conversas, encaminhamos todo o material obtido para a polícia. Um jovem foi preso em São Paulo.


“Através das informações repassadas pela investigação de vocês, chegamos a essa pessoa. Chegamos na residência, a mãe estava branca, quase desmaiando, pelo susto que levou. Principalmente porque o mandado era em desfavor do filho dela, de 18 anos, filho único.

Somente quando foi aberto o aparelho celular que ela viu que havia fotos de pornografia e que tava constatado que ele estava vendendo aquele material em forma de pacotes na internet. O dinheiro que ele recebia, ele dizia que era proveniente de jogos online que ele estava vendendo. A mãe ficou totalmente fora de si”, conta Ana Lucia Miranda, delegada titular da Delegacia de Repressão à Pedofilia.


  • Homem é preso com pornografia infantil e PF vai investigar se doces eram usados para atrair crianças

  • Polícia prende 30 suspeitos em operação contra pornografia infantil em SP

  • PF faz operação para resgatar crianças e prender suspeitos de pornografia infantil em 20 estados e no DF


Na Bahia, em Salvador, outra prisão de um jovem de 19 anos. Outro pai surpreendido.

“Ele ficou completamente chocado com o que viu, não entendeu muito bem. Tive que parar para explicar o que estava acontecendo e ele não imaginava. Pensava que o filho ficava o tempo todo, a maioria do tempo jogando. Foi constatado farto material relacionado à pornografia infanto juvenil, inclusive com negociação desse material para outros países como Colômbia e Rússia, por exemplo. E uma situação assim, diálogos: 'Nós preferimos crianças menores que 8 anos de idade. Você tem algo relacionado a bebês?'”, relata Simone Moutinho, delegada titular da Delegacia Especial de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente.


O Fantástico também conversou com jovens que forneciam o material para os packs. Uma delas, uma estudante de Sorocaba, contou que começou a pesquisar a venda de packs pornográficos porque o assunto bomba em suas redes sociais, mas que não passa de uma grande ilusão.

"Existe muito dessa romantização, glamourização, e muitas meninas acabam fazendo por incentivo do momento. Sem pensar nas consequências. Você não sabe o que pode acontecer com essa fotos, onde elas vão parar", afirma Mayara Lima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do JORNAL ILHÉUS NEWS. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.