O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) afirmou nesta terça-feira (29), em depoimento no Conselho de Ética do Senado Federal, que vive o pior momento da sua vida e que pensou até em renunciar ao mandato. O senador goiano chegou no Conselho com 40 minutos de atraso, acompanhado do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Ele teve um tempo inicial para falar e aproveitou para ressaltar a vida política, familiar e "os tempos difíceis que tem passado".
— Confesso que pensei nas piores coisas. Pensei em renunciar ao meu mandato. O simples fato de ter contato com as pessoas fazia com que as pessoas pudessem ficar com imagem ruim de mim e depois pude ver o tanto que as vezes fui cruel com os outros.
O senador goiano disse que foi abandonado pelas pessoas, mesmo sem provas concretas contra ele. Disse ainda que só depois de tudo que viveu percebeu que já foi "cruel" com os colegas.
— Vivo o pior momento da minha vida. Depressão, remédio para dormir e que não faz efeito, fuga dos amigos e campanha sistemática mais orquestrada da história do Brasil.
Para se defender das acusações que sofre, o senador disse que até o bicheiro Carlinhos Cachoeira ser preso pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal ele não sabia dos crimes do empresário. Demóstenes enfrenta um processo disciplinar que pode acabar com a cassação do seu mandato.
— Fui vítima da maldade. Não podia adivinhar o que eu sei hoje. O que sabia naquele momento é que relacionava com um empresário que também se relacionava com cinco governadores, dezenas de outros parlamentares e dezenas de empresários.
Segundo Demóstenes, ele e várias outras pessoas se relacionava com o empresário e não com o bicheiro, que era bem recebido "em todos os lugares".
— Sim, ele tinha vida social, era recebido em todos os lugares. Hoje eu dou conta de ver [a contravenção e os crimes], naquela ocasião, quem podia saber o que nós sabemos hoje?
As acusações
Demóstenes é suspeito de participar de um suposto esquema de exploração de jogos ilegais, como o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, comandado pelo contraventor e bicheiro Carlinhos Cachoeira. A quadrilha, desmontada pela Polícia Federal na operação Monte Carlo, atuava em Goiás e no Distrito Federal.
Gravações feitas pela PF com o aval da Justiça revelaram a ligação entre o senador e o bicheiro e apontaram, inclusive, que Demóstenes recebia dinheiro de Cachoeira e atuava em favor de seus interesses no Congresso.
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