“Eu credito as minhas falhas, após ver e rever os lances, ao grau de dificuldade delas. No primeiro lance, eu decidi que foi mão, mas depois de ver a mecânica do movimento, vi que não houve intenção do defensor. A bola é que tocou na mão dele”, afirmou o juiz.
Na jogada em questão, após a bola bater na mão de um atleta da Ponte, Dias marcou pênalti para o Fluminense. Fred converteu a cobrança e empatou o placar em 1 a 1.
No final da partida, um atleta do Flu agarrou um adversário pela camisa, mas o juiz inverteu a falta e assinalou irregularidade contra o time campineiro. A falta acabou resultando no segundo gol e na vitória tricolor.
“Ali em campo é tudo muito rápido, você tem que tomar uma decisão em milésimos de segundo, erros acontecem”, justificou-se o juiz.
Por causa de sua atuação, o árbitro foi punido pela comissão de arbitragem da CBF e não deve comandar jogos importantes do Brasileiro por tempo indeterminado. Dias diz que concorda com a medida e que já começou um processo de aprimoramento para minimizar os erros.
Ele espera que, por uma questão de bom senso, não seja escalado para apitar partidas entre Fluminense e Ponte Preta ou jogos cujos resultados influenciem a situação das equipes.
“Eu concordo com o afastamento porque é a regra do jogo. Ao entrar nesse ramo de arbitragem, sabemos o que acontece de bom e sabemos das coisas ruins, não é novidade. Sabemos que se a gente incorrer em erros como esses, vai haver esse tipo de sanção”, disse o pernambucano.
“Pela minha experiência, é logico que não é mais aconselhável me botarem em jogos importantes do campeonato. Não é conveniente que eu esteja em jogos envolvendo essas equipes [Flu e Ponte] ou em jogos que influenciem indiretamente esses times. Isso é para não tirar a legitimidade do campeonato.”
A comissão de arbitragem da CBF evita usar o termo “afastamento” para definir a situação do juiz e prefere dizer que ele apenas não foi escalado para o sorteio que definiu os trios de arbitragem da rodada do meio de semana.
No entanto, a punição após erro é prática comum em muitos Estados do país. Na última edição do Campeonato Paulista, por exemplo, não foram poucos os juízes afastados após atuarem mal.
O próprio sindicato nacional da categoria concorda que, se um juiz está em má fase, ele deve passar por um processo de reciclagem e aperfeiçoamento para voltar rapidamente ao alto nível.
“Sou contra que se proíba um juiz de trabalhar porque ele só pode melhorar trabalhando. Mas concordo que um árbitro que erra com frequência passe por uma reciclagem e vá atuar em divisões inferiores por algum tempo”, afirma Marco Antonio Martins, presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol.
No caso específico do jogo entre Fluminense e Ponte Preta, o chefe da comissão de arbitragem da CBF afirma que houve “erros básicos” na atuação do juiz. “Assim que eu voltar ao Brasil, vamos conversar e decidir se tomamos alguma medida administrativa sobre essa questão”, disse Aristeu Tavares, que estava em viagem a trabalho no Chile.
Além de Nielson Dias, foi afastado o assistente Bruno Bochilia, que também se envolveu em polêmica ao anular um gol do Flamengo contra o Cruzeiro no sábado.
Já o árbitro de Atlético-MG x Sport, outro jogo com lances questionáveis na rodada, foi “perdoado”. Flávio Guerra tinha tido o afastamento anunciado na segunda-feira, mas na terça a comissão de arbitragem voltou atrás e disse que ele não será punido.
A 30ª rodada não foi a primeira que viu punições aos homens do apito. No final do primeiro turno, o assistente Emerson Augusto de Carvalho também foi suspenso após validar um gol irregular do Santos contra o Corinthians.
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