segunda-feira, 23 de julho de 2012

Domingo Espetacular cai no Ibope em dia de denúncia contra dono do Instituto

Reportagem exclusiva mostrou negócios suspeitos do enriquecimento bilionário do presidente Montenegro

No dia em que o Domingo Espetacular apresentou reportagem com negócios suspeitos do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, o índice de audiência do jornalístico registrou, segundo o instituto, um dos piores índices dos últimos anos.

O programa fechou com oito pontos em média no Ibope segundo dados prévios. Ficou em terceiro lugar durante a apresentação, atrás de Globo e SBT. Há mais de dois anos – desde fevereiro de 2010 - o programa não registrava audiência tão baixa no Ibope.

Neste ano, o programa chegou a registrar o dobro de audiência segundo o Ibope, como em março, quando fechou com média de 16 pontos e picos de 20. Em junho e julho, registrou média acima de 10 pontos.

A reportagem do Domingo Espetacular mostrou como Montenegro ganhou bilhões de reais com negócios suspeitos com a exploração particular de um serviço público, a taxa de gravames para carros financiados em todo o Brasil, e a aplicações de remessas de dinheiro em operações suspeitas em paraísos fiscais.

Montenegro criou a empresa GRV, que administra o gravame no Brasil. O gravame é um mecanismo que visa garantir que ninguém passe adiante um carro financiado, que ainda não foi pago. Na prática, é um número que identifica o carro. Todo carro comprado por financiamento tem gravame, e isso vale para cerca de 70% de todos os carros vendidos no País.

Ou seja: um serviço público está sob controle de uma empresa privada, e sem que tenha havido concorrência pública. Isso gerou enriquecimento meteórico e questionável de Carlos Augusto Montenegro e seus sócios, rendendo cerca de R$ 180 milhões por ano. Mesmo tendo vendido a GRV em 2005 para outra empresa, a Cetip, em transação que rendeu R$ 2 bilhões, Montenegro e seus sócios continuaram influindo no negócio, ao manterem cerca de 5% das ações da nova empresa.

Pouco depois de assumir o serviço de administração dos gravames pelo Brasil, Montenegro abriu empresas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Pelos papéis obtidos pela reportagem, constata-se que as empresas de Montenegro no exterior trazem dinheiro para suas empresas no Brasil.

Um detalhe chama a atenção: Solange Montenegro, irmã do dono do Ibope, aparece nas duas pontas das transações. Ela é procuradora de uma das empresas sediada em paraíso fiscal, de onde o dinheiro sai, e sócia de uma das empresas no Brasil, onde o dinheiro entra. A procuração para que ela possa movimentar esse dinheiro todo foi emitida por outra empresa de Montenegro em paraíso fiscal.

Um esquema semelhante ao utilizado por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, investigado pela Polícia Federal. A exemplo do esquema montado por Montenegro, quem assina os documentos nas duas pontas da operação é um irmão de Teixeira, Guilherme Terra Teixeira. As revelações desse esquema derrubaram Ricardo Teixeira do comando do futebol brasileiro.

Cada ponto no Ibope corresponde a cerca de 60 mil domicílios na Grande São Paulo.

Assista à reportagem do Domingo Espetacular abaixo:

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