sábado, 2 de junho de 2012

A Violeta Grapiúna


Elvira Schaun Foeppel nasceu em 15 de agosto de 1923, em Canavieiras, Bahia, porém foi criada em Pontal de Ilhéus. Era filha de um casal baiano de ascendência alemã, Frederico Affonso Foeppel (1900-1975) e Eulina Schaun Foeppel (1899-1979). O pai de Elvira formou-se em Odontologia, mas nunca exerceu a profissão porque foi trabalhar nos Correios e Telégrafos como telegrafista e a mãe era dona de casa.
Elvira Foeppel recebeu instrução formal, concluindo o curso de magistério no Convento Nossa Senhora da Piedade, em Ilhéus, em 1943. Participou, desde cedo, de atividades culturais e, ainda no Curso Fundamental, pela primeira vez, encenou uma peça teatral, "Divorciados" (comédia de três atos), de Oduvaldo Vianna, no Teatro de Ilhéus, em 1938. No ano seguinte, 1939, Elvira Foeppel voltou ao teatro, desta vez na peça “As Máscaras”, de Menotti del Picchia.
Seu primeiro trabalho profissional foi como colaboradora do jornal Diário da Tarde, editado na cidade, escrevendo poemas. Sua colaboração no jornal foi de 1944 até 1947, com um total de 23 poemas publicados. Em 1947, aos 24 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro em busca de maiores oportunidades na carreira literária e lá residiu até falecer em 28 de julho de 1998, aos 74 anos, vítima de várias complicações resultantes de um acidente vascular cerebral anterior.
Elvira Foeppel mudou-se para o Rio de Janeiro, inicialmente, sozinha, mas com o apoio dos pais, que sempre a respeitaram e incentivaram sua escolha de ser escritora. Empregou-se como secretária na Revista Súmula Trabalhista, da Legislação Federal, chegando ao posto de redatora chefe, cargo no qual se aposentou no início dos anos 80. Embora trabalhasse em função burocrática, continuou a dedicar-se à vida literária, sendo a maior concentrando de sua produção entre os anos 50 e o fim dos anos 70.
Elvira Foeppel conviveu, ainda nos tempos de Ilhéus, com intelectuais e escritores como Adonias Filho, Cyro de Mattos, Hélio Pólvora, Dorival de Freitas, Sosígenes Costa, Raimundo de Sá Barreto e Jorge Amado. Essa convivência foi relevante para construir a sua formação literária, cujas leituras variavam de entre as obras de Jean Paul Sartre, Lawrence Durell, James Joyce, Simone de Beauvoir, Arthur Miller e Clarice Lispector, de quem era amiga. Como amiga, Clarice Lispector a incentivava, inclusive comparecendo ao lançamento do seu livro Muro Frio, em 1961.
No Rio de Janeiro ampliou seu círculo de amizades participando de reuniões com jornalistas e escritores em viga na década de 50, entre eles alguns velhos conhecidos como Sosígenes Costa e Adonias Filho, e outros forma acrescentados como Jorge Medauar, Homero Homem, José Cândido Carvalho, Walmir Ayala e Nélida Piñon.
Sobre a sua personalidade intelectual, Hélio Pólvora escreveu:
"Muito lida, conhecedora dos bons textos em prosa e verso, amadurecida, Elvira destacava-se intelectualmente em seu meio. Uma mulher que sabia das coisas."

Elvira Foeppel deixou uma pequena produção édita formada, apenas, três livros em gêneros literários diversos: Chão e Poesia, 1956; Círculo do Medo,1960; Muro Frio, 1961; no entanto, sua produção dispersa se estende por crônicas, artigos, poemas e contos publicados em diversos jornais e revistas do Rio de Janeiro, além de um vasto material poético no Diário de Ilhéus.
Pelos depoimentos de seus familiares ainda existe um romance inédito intitulado Íntimos da Morte, que parece ter sido sua última produção. Memória Nua, um romance, não pode ser recuperado porque os originais desapareceram no incêndio na Editora Leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do JORNAL ILHÉUS NEWS. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.