Segundo o Depen, as apostilas e as provas são vistoriadas pela equipe de inteligência da Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná, antes de serem entregues a Fernandinho Beira-Mar. Ele cumpre pena no Paraná desde setembro de 2012, mas está preso desde 2002. Com a nova condenação, a soma das penas de Beira-Mar chega a 200 anos.
A documentação foi providenciada pela família do preso e a Penitenciária Federal auxiliou no processo da matrícula. O Depen informou ainda que a cada 12 horas de estudo, o preso tem direito à reduzir em um dia a pena, conforme a Lei n.º 12.433/2011. O tempo do curso é de 3.180 horas e será concluído em quatro anos.
O diretor da instituição onde Beira-Mar fará o curso, Javiel Guerreiro Martins, disse que como o traficante não pode acessar a internet, as apostilas semestrais serão envidas até o presídio de Catanduvas. “Quando tiver aula presencial e na aplicação da prova, será feito um sorteio entre os professores da faculdade para eles irem até lá”, explicou. As disciplinas são divididas em eixos interdisciplinares - filosófico, histórico, social, metodológico, teológico, bíblico e sociopolítico.
Segundo o diretor, o interesse de Beira-Mar em fazer o curso de teologia partiu após um capelão, que é um profissional formado em teologia e que faz trabalhos nas penitenciárias, apresentar ao preso a possibilidade do resgate, da mudança de vida. “Ele ficou interessado e queria ler mais, estudar mais. Como o capelão viu que ele poderia crescer, indicou a nossa faculdade que tem curso à distância”, completou.
Ele explicou ainda que, atualmente, o curso de teologia não é apenas procurado por quem tem intenção de se tornar um pastor ou um padre. “O curso de teologia tem tido uma amplitude muito maior. O curso visa mostrar ao cidadão que ele compreenda a atividade a sua volta, a sua profissão com muito mais eficiência, olhando o lado humano, do necessitado, para quem precisa”, assegurou.
Martins garantiu que em nenhum momento pensou em não receber o traficante como aluno. “Assumimos essa posição social de trabalhar com alguém que realmente precisa. Então, o que vai ser trabalhado é a ressocialização e inclusão social. Esse é o nosso objetivo. Nós não podemos ter preconceito contra ninguém”, contou.
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