quarta-feira, 20 de março de 2013

Emocionada, Alcione relembra conversa com Emílio Santiago em hospital


Amiga próxima de Emílio Santiago, Alcione afirmou nesta quarta-feira (20) que foi uma das últimas pessoas a falar com o cantor.
Muito abatida e chorando, Alcione foi ao Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, assim que soube da morte do amigo e relatou a última conversa em 7 de março, dia da internação de Emílio na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
"Passei a mão no braço dele e disse "Eu estou aqui". Ele respondeu: "Que bom, minha irmã"", afirmou Alcione.
Emílio morreu às 6h30 desta quarta-feira, aos 66 anos, devido à complicação no quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico - quando falta circulação de sangue no cérebro.
"Como é que o Brasil vai poder viver sem essa voz? Como é que eu vou poder viver sem meu amigo? Sempre cantávamos juntos. Com certeza ele está com o senhor Luiz e a Dona Ercília, seus pais que o amavam muito", afirmou a cantora.
"Ele deve estar muito bem. Nunca fez mal a ninguém. Só cantou o amor e a beleza desse País. Agora vamos nos conformar e rezar", pediu.
Mais tarde, no velório, ainda emocionada, Alcione comentou: "Tenho horas que me sinto viúva do Emílio. Um grande irmão e amigo. Perdemos uma voz. O Brasil ficou sem voz. Agora só temos o Cauby."
"Era um homem forte"
Antes de ser internado, Emílio Santiago estava bem e tinha apenas diverticulite, doença inflamatória do intestino. "Tínhamos esperança de que ele se recuperasse. Há três anos ele foi diagnosticado com diverticulite, mas era só. Ele era um homem forte, não bebia, não fumava", afirmou a assessora e amiga do cantor, Eulália Figueiredo.

Emocionado, o amigo do cantor, Márcio Tadeu, afirmou que Emílio foi internado após ser encontrado caído em casa. "Foi tudo de repente", disse.
"O diagnóstico foi um AVC isquêmico e depois hemorrágico, as complicações foram se dando, foram mais de 10 dias de internação. Aconteceram agravantes, preservamos (Emílio), mas não escondemos nada", afirmou Tadeu.
Durante o velório, um dos amigos mais próximos de Emílio Santiago, o artista plástico Evandro Araújo Jr., de 57 anos, afirmou que o cantor sofria de arritmia cardíaca e que nos últimos tempos não estava se cuidando direito.
Evandro ainda afirmou que na noite de terça-feira (19) Emílio teve uma trombose. "Ele viajava muito, relaxava. Não tomava remédio no horário certo. É complicada a vida de artista. Ele teve uma trombose ontem à noite e essas coisas foram pegando", explicou.
Morte
O corpo de Emílio Santiago chegou às 14h na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, após o traslado sofrer atraso. O caixão foi recebido com palmas, inclusive pelos fãs que aguardavam o início do velório. A atriz Marília Pêra e os cantores Marcos Valle, Nana Caymmi, Zélia Duncan e Elba Ramalho foram ao hall principal da Câmara para prestar as últimas homenagens.

A emoção tomou conta do saguão quando Alcione se aproximou do caixão. Chorando muito, a cantora teve que ser amparada por amigos. O mesmo aconteceu com o secretário pessoal de Emílio, Soca, que ajudou a segurar o caixão na chegada a Câmara.
Emílio não resistiu às complicações do quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico -- quando falta circulação de sangue no cérebro -- e morreu às 6h30 no Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul, onde estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde o dia 7 de março.
Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro em 6 de dezembro de 1946, Emílio Santiago era formado em Direito, mas o vício em ouvir Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e João Gilberto em casa falou mais alto. Com o incentivo de amigos, participou de festivais e concursos musicais, chegando a se apresentar no programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti.

A voz marcante, que embalava de baladas a sambas cheios de swing, conquistou críticos e fãs e o primeiro LP, com seu nome, foi lançado em 1975, com canções de Ivan Lins, João Donato e Nelson Cavaquinho.
O sucesso chegou ao cantor de vez em 1988, ao lançar o disco "Aquarela Brasileira", primeira parte de um projeto de sete volumes, dedicado exclusivamente à música brasileira. A série de gravações ganhou uma versão ao vivo, "O Melhor das Aquarelas Ao Vivo", em 2005.
O último disco de Emílio Santiago foi "Só Danço Samba (Ao Vivo)", lançado em 2012, junto com um DVD. O cantor estava com quatro shows programados para o mês de março: dia 13 em Campinas (SP), dia 16 na quadra da Portela, no Rio, e nos dias 22 e 23 na capital paulista.
Sua última aparição ao vivo foi no programa "Encontro com Fátima Bernardes", no dia 4 de março, onde cantou um de seus maiores sucessos, "Saigon".

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