A Justiça do Rio de Janeiro condenou em primeira instância o pastor Marcos Pereira da Silva a 15 anos de prisão pelo crime de estupro de uma mulher. Presidente da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, o pastor é suspeito de ter abusado de pelo menos seis fieis. A decisão sobre um caso específico, divulgada nesta quinta-feira (12), foi tomada pelo juízo da 2º Vara Criminal da Comarca de São João de Meriti do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio). Cabe recurso.
"As testemunhas ouvidas relatam com firmeza como o acusado é uma pessoa manipuladora, fria, só pensa em si, utilizando-se das pessoas para satisfazer seus instintos mais primitivos e de forma promíscua, utiliza da boa-fé das pessoas para enganá-las. Pelo exposto e por tudo que dos autos consta, julgo procedente a pretensão punitiva para condenar Marcos Pereira da Silva, como incurso nas penas dos art. 214 c/c art. 226, II, ambos do Código Penal", relatou a sentença.
O pastor Marcos, 56, foi preso no dia 7 de maio deste ano por policiais civis em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Para o pastor havia mandado de prisão expedido por suspeita de abuso sexual de seis fieis, entre elas, sua ex-mulher. Os crimes, segundo a polícia, teriam ocorrido no apartamento onde ele mora, em Copacabana, zona sul do Rio. O imóvel, que fica na avenida Atlântica em frente à praia, está avaliado em R$ 8 milhões.
Os abusos também aconteciam, segundo a polícia, na igreja, localizada na Baixada Fluminense. De acordo com testemunhas ouvidas pela polícia, o pastor aproveitava momentos a sós com fiéis para abusar sexualmente delas.
"As provas de estupro contra o pastor são convincentes. Nós temos 30 depoimentos no inquérito com denúncias contra ele", disse, à época, o delegado titular da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), Márcio Mendonça.
A investigação ficou a cargo da Dcod após denúncia do líder da ONG AfroReggae, José Júnior, feita há um ano, de que o pastor teria envolvimento com o tráfico de drogas. O pastor é reconhecido por seu trabalho, iniciado nos anos 90, de ressocialização de criminosos no Rio.
Segundo a polícia, Marcos Pereira também é investigado por quatro homicídios, lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas.
A Folha teve acesso à época aos depoimentos das vitimas, mas não divulga os nomes delas para preservá-las. "Ele falava que elas estavam endemoniadas e tinham que lavar seus corpos com ele para se livrarem do mal. Usava momentos de vulnerabilidade das vítimas para se aproveitar e ainda praticava orgias com elas --em atos sexuais com mulheres e homens", diz o delegado.
A Folha não teve acesso ao depoimento do pastor à polícia. A defesa dele não foi localizada pela reportagem para comentar o assunto. À época da detenção, um texto a página da Assembleia de Deus dos Últimos Dias na internet declarava "estar confiante no agir de Deus na vida do pastor Marcos Pereira".
"Foi através de uma prisão injusta que Deus colocou o plano de salvação, pelo Amor e pelo Perdão, em prática. Foi através de uma prisão injusta que a mensagem do cristianismo se espalhou pelo mundo. A despeito de todos os sinais de cura e libertação, foi exatamente assim, através de uma prisão injusta, perseguições e calunias que Jesus alcançou o mais necessitados", diz o texto.
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