Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram recebidos com pelo menos um tiro nesta terça-feira, ao ocuparem a sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, no Centro Administrativo do Estado, em Salvador. Uma foto divulgada pelos sem-terra e publicada na imprensa baiana mostra o subsecretário da SSP, Ari Pereira, segurando uma pistola. A SSP confirmou que o tiro foi dado, mas não negou nem confirmou que foi Pereira quem atirou.
Cerca de mil sem-terra estão no local, segundo o MST, e a situação continua tensa. Na segunda-feira, os sem-terra haviam ocupado a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Eles pedem a aceleração da reforma agrária e providências com relação ao assassinato de um líder do MST, Fábio dos Santos Silva, que foi morto com 15 tiros em 2 de abril deste ano, em Iguaí (BA), no sudoeste do Estado.
A SSP informou que os sem-terra, "após tentarem tomar a arma de um soldado da guarda, já iam subir as escadas de acesso aos outros pavimentos, quando foram impedidos por um disparo de advertência". "Esta rápida ação fez os manifestantes - homens, mulheres, adolescentes e até crianças - recuarem, o que garantiu a integridade dos servidores e das instalações do prédio", afirmou a SSP.
Segundo o órgão, os sem-terra estavam "armados com foices, facões, machados, enxadas, facas e pedaços de pau". Os sem-terra encontravam-se no térreo do prédio na tarde desta segunda-feira, em clima de tensão com as autoridades.
A SSP declarou que o MST "não apresentou, até o final da manhã, qualquer pauta reivindicatória", e que "está aberta ao diálogo, embora repudie qualquer manifestação violenta que ameace a integridade dos funcionários e as instalações físicas de suas dependências".
De acordo com o MST, apenas na Bahia, "há mais de 50 mil pessoas acampadas, sendo que muitas áreas estão pendentes na Justiça, que vem travando vários processos contra a reforma agrária".
O MST afirmou que existem 149 decretos prontos para a assinatura de desapropriação na Bahia, com base em informações do Incra. "A maioria dessas áreas estão incluídas dentro dos 11 territórios do Brasil sem Miséria."
"No Brasil, a situação não se diferencia muito: em 2012, foram assentadas pouco mais de 7 mil novas famílias, o que representa o índice mais baixo de toda a história do Brasil. Enquanto isso, há mais de 150 mil famílias acampadas em todo território nacional", disse o MST.
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