No sul da Bahia, a presença da Polícia Federal não impediu que os índios invadissem nesta terça-feira (17) mais duas fazendas. Já são 66 propriedades tomadas pelos pataxós desde janeiro. Um trabalhador rural está desaparecido.
“Já ameaçaram matar reses. Onde vou botar mais de 400 reses se não tem pasto?”, questiona o fazendeiro Lissandro Rezende.
Segundo os produtores, o rebanho das propriedades em poder dos índios chega a 20 mil cabeças. A área invadida faz parte da principal bacia leiteira da Bahia. Cerca de quatro mil litros de leite deixam de ser produzidos por dia. Nem pequenas propriedades como a da aposentada Gidalva Alves escaparam dos ataques. “Saí chorando. Larguei tudo para trás”, diz.
Um trabalhador rural acabou de ser expulso da fazenda onde trabalhava.
Desta segunda-feira (16) para esta terça os índios invadiram mais duas propriedades. O conflito começou em 1982, quando a primeira fazenda foi invadida no município de Pau Brasil. Naquela época, os índios queriam ocupar 36 mil hectares de terra. Dezesseis anos depois, a Funai fez uma perícia e concluiu que o território indígena seria bem maior. Em vez 36 mil, 54 mil hectares.
Os produtores afirmam que não foram ouvidos quando a perícia foi feita.
“A lei diz que as partes interessadas devem acompanhar a perícia, e os produtores não acompanharam”, argumenta Miguel Arcanjo Filho, presidente do sindicato rural.
O chefe do posto da Funai, Wilson Souza, diz que o estudo foi feito a partir de depoimentos dos índios mais velhos. “Estamos esperando o futuro das nossas crianças. Daqui a 20 anos essa terra vai se tornar pouca.”
O conflito completa 30 anos esta semana e será julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
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